ESPORTE DE REPRESENTAÇÃO

Em torneio distrital, clube da UnB encara profissionais da elite do basquete brasileiro. Projeto de extensão abre portas para capacitação e envolvimento da comunidade externa    

Foto: Júlio Minasi - DEL/DAC


É possível perder um jogo por 50 pontos de diferença e sair fortalecido? A resposta do Clube de Basquete da Universidade de Brasília é sim. No início do mês, a equipe deixou o ginásio da Iesplan derrotada pelo Cerrado Basquete, time que disputa a liga de acesso para o Novo Basquete Brasil (NBB), por 94 a 44. O jogo válido pela primeira rodada adulta de copas da federação local mostrou diferenças entre equipes profissionais e universitárias, mas também evidenciou o caminho para evolução do esporte na UnB.


“Foi um grande exercício de comparação”, avalia o técnico do time da Universidade, Alexandre Jackson Chan Vianna. “Temos um time sub 21 formado por 90% de universitários e encaramos uma equipe que tem preparação física diária e dedicação integral”, afirma ele, que é professor da Faculdade de Educação Física (FEF) e chefia o Centro Olímpico.

 

Técnico Alexandre Jackson orienta a equipe. Lema é "estudar e jogar em alto nível". Foto: Clube de Basquete

O treinador analisa que, apesar de desnivelado, o embate contribui para o amadurecimento do time e dá rodagem para competições universitárias como a etapa regional dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), que são o principal objetivo no calendário deste ano. Na visão dele, o confronto também deixa aprendizado para a postura do time em quadra, além de impactar questões técnicas e táticas.


Alexandre Jackson pondera, entretanto, que as lições precisam ser assimiladas de acordo com a realidade acadêmica. “Temos aqui parte da elite intelectual da juventude brasileira. A maioria tem a ambição de se formar e seguir nas suas carreiras”, diz. “Nosso lema é estudar e jogar em alto nível”, completa.

 

Pivô Thiago (D), filho do judoca José Mário Tranquilini, "dobra" na marcação sobre atleta do Cerrado. Foto: Júlio Minasi - DEL/DAC

PERCEPÇÃO DOS JOGADORES E DNA ESPORTIVO – O sentimento de quem estava em quadra também é de que os grandes desafios deixam legados. O ala-armador Gabriel Simões diz que “aprendeu bastante” no duelo contra o Cerrado. “Foi meu primeiro jogo em um campeonato adulto”, diz o estudante de geologia de 19 anos. “A maior diferença que percebi foi na experiência e na preparação física deles”.


Caçula do time com 17 anos, o calouro de odontologia Igor Mendes fez sua estreia oficial no time da UnB. “Os caras eram muito grandes”, diz ele sobre o primeiro impacto visual ao entrar em quadra. O armador, entretanto, diz que não se pode temer adversários e afirma querer ter vida longa no esporte universitário.  


O pivô Thiago Tranquilini diz ser “muito gratificante representar a bandeira na UnB” e que “o time está deixando de ser o que perdia de W.O. para ser o que disputa tudo”. Ele, que estuda saúde coletiva e é filho do ex-judoca olímpico José Mário Tranquillini, diz que ter DNA de atleta contribuiu para o interesse no esporte. “Não sou muito fã de luta, mas cresci num ambiente com muito esporte. Isso ajuda”.

 

PROJETO DE EXTENSÃO E ACESSO À UNIVERSIDADE – O trabalho da equipe de basquete é apoiado por Projeto de Extensão de Ação Contínua (Peac) coordenado pelo professor Alexandre Jackson. Esse suporte permite a capacitação de recursos humanos, inclusive de jovens treinadores, e aproxima o esporte da comunidade externa.

Lucas Ariel, que pretende ingressar na UnB, parte para bandeja. Foto: Júlio Minasi - DEL/DAC


Mais do que selecionar pessoas com aptidão para o basquete, Alexandre avalia que o projeto pode abrir portas acadêmicas e profissionais. “Assisti a uma palestra do Amyr Klink quando cheguei à UnB e ouvi uma frase que hoje é ume lema para mim: ‘é preciso parar de buscar pessoas de talento para ter atenção no talento das pessoas’”, diz.  


Uma das oportunidades já criadas beneficia o atleta Lucas Ariel, o único não universitário da equipe. Ele diz que a vivência no basquete da UnB serve de motivação para buscar ingresso na instituição. “O professor tem falado para eu me preparar para o Enem ou até mesmo buscar vaga em uma faculdade particular e depois tentar transferência para cá. É o que eu quero fazer”, garante.   

 

E, aliando conhecimento acadêmico e prática desportiva, o basquete da UnB segue em crescimento.  No domingo (14), o time venceu a partida da segunda rodada do torneio de copas distrital. Por 85 a 74, a equipe que treina no Centro Olímpico superou o Move On. A vitória foi construída com forte atuação no primeiro quarto, finalizado em 30 a 16. O próximo compromisso do clube é ainda este mês contra o Filadélfia.

 

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