ESPORTE PARALÍMPICO

Paratletas que treinam no parque aquático da UnB são promessas do esporte brasileiro. Técnico destaca importância do trabalho e agradece à Universidade

Hugo Costa - DEL/DAC


As limitações impostas pela vida são menores que os sonhos de Cláudio Irineu, Larissa Nakabayashi e Wendell Belarmino. Os jovens nadadores estão entre os destaques da equipe paralímpica do Instituto Pro Brasil, que treina desde o ano passado no Parque Aquático William Passos. Colecionadores de medalhas, eles demonstram gratidão pelas portas abertas pelo esporte e têm como alvo brilhar nos jogos paralímpicos.


Diagnosticado com síndrome de Guillain Barré, doença autoimune que compromete a força dos músculos, Cláudio conquistou cinco medalhas de ouro e três de prata na fase regional do Circuito Brasil Loterias Caixa, disputado no fim de março em Uberlândia (MG). O desempenho fez com que fosse chamado pelos companheiros de “Michael Phelps da natação paraolímpica”. “Pela terceira vez, fui o atleta com maior índice técnico”, comemora o jovem de 18 anos.


Esses e outros resultados expressivos fazem com que Cláudio e seus companheiros de treino passem a mirar competições ainda mais desafiadoras. Entre elas, os Jogos Pan-Americanos de 2019, no Peru, as etapas do World Series da categoria e, principalmente, as Olímpiadas de 2020, no Japão. Antes desses possíveis compromissos, o foco está na fase nacional do Circuito Brasil, agendado para o mês que vem em São Paulo (SP).


A rotina de competições é novidade na vida de Larissa Nakabayashi. Com a visão reduzida devido à maculopatia, que afeta as funções da retina, a paratleta de 18 anos treina com intensidade há apenas oito meses. “Sinto que cheguei lá”, diz ela sobre o fato de se encontrar na natação, após ter tido incursões no golbol, espécie de handebol para deficientes visuais, e no kung fu.


A participação no evento de Uberlândia foi o primeiro compromisso oficial de Larissa na modalidade. E a estreia, com quatro medalhas, vai ser difícil de esquecer. “Pulei da cadeira na primeira vez que chamaram meu nome”, conta. “A sensação foi incrível”.  

 

Equipe que treina na UnB comemora conquistas em Uberlândia. Foto: arquivo pessoal

TOP 20 – Apontado como promessa do esporte nacional, Wendell Belarmino, cego desde que nasceu, está entre os 20 melhores do mundo em provas como os 400 metros livre e os 200 metros medley. Em decorrência de seus rankings, o paratleta de 19 anos participou do evento no Triângulo Mineiro apenas como observador.


“Eu quero chegar a uma paralimpíada”, afirma. Se depender dos prognósticos do treinador Marcus Lima, que acompanha Wendell há cinco anos, ele vai além. “Acredito que ele possa ter até cinco ou seis ciclos olímpicos”, avalia o técnico.    


LÍDER – Marcus coordena 17 atletas no parque aquático. Envolvido na modalidade há dez anos, ele se declara “apaixonado” pelo que faz. “Comecei o trabalho com deficientes como voluntário, a convite da professora Virgínia Saad do Cetefe [Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial]. Também recebi o apoio do professor Ulisses Araújo, criador do centro”, lembra.


“Não estamos preocupados apenas com o rendimento. Queremos garantir mais qualidade de vida às pessoas com deficiência”, diz. “Muitos desses meninos estariam ociosos em casa, não fosse a natação”, afirma ele, que aprendeu a nadar com o pai e é aluno especial do mestrado na Faculdade de Educação Física (FEF).


A dedicação do treinador, ex-atleta federado da natação convencional, tem o reconhecimento de seus comandados e de colegas da área. “O Marcus acredita mais em mim do que eu mesma”, declara Larissa. “Esse trabalho com alto rendimento de pessoas com deficiência é muito relevante e é algo que não tínhamos”, diz o professor da FEF e gestor da Diretoria de Esporte e Lazer (DEL/DAC), Alexandre Rezende. O docente também é responsável pelo projeto de extensão Genes, que oferece aulas de natação a pessoas com deficiência.  

 

Piscina olímpica do Parque Aquático William Passos. Foto: Laboratório Gesporte

AGRADECIMENTO – O início dos trabalhos da natação paralímpica na UnB começou no segundo semestre de 2018, após o fim do vínculo de Marcus Lima com o Minas Tênis Clube. Os atletas treinam na piscina de 25 metros do parque aquático nas tardes de segunda a sábado. Também fazem uso da academia do Centro Olímpico duas vezes por semana.


“Graças a Deus, a UnB vem nos dando esse espaço e tem acreditado no nosso trabalho”, diz o treinador. “Seremos sempre gratos”, completa. A expectativa de Marcus agora é poder usar a piscina maior, que está com a casa de máquinas em manutenção. “Nossa ideia é somar. Queremos nos aproximar cada vez mais dos profissionais e dos estudantes da UnB”, garante.   

 

Outros parceiros que apoiam a equipe de Marcus são o Compete Brasília, do Governo do Distrito Federal, e a Academia Companhia Aquática.  

 

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